quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O "Espírito do Natal"

O Espírito do Natal
É Cristão?
Natal de 1914. Nas trincheiras soldados ingleses e alemães
promoveram uma "trégua" de algumas horas, para trocarem
presentes, abraços e canções. Logo em seguida voltaram à
matança. Espírito de "paz" ou de hipocrisia?

Prólogo
Um livro intitulado “Tudo Sobre os Feriados Estadunidenses” afirma que, embora a comercialização do Natal seja indesejável, esta característica negativa é “contrabalançada” pelo “ótimo espírito de amabilidade . . . também pelo espírito de generosidade” demonstrado na época do Natal. Isto é comumente chamado de o “espírito do Natal”. Mas, será que o chamado “espírito do Natal” é realmente tão bom assim? Contrabalança todos os muitos aspectos negativos do Natal? É cristão, se não no sentido religioso, pelo menos em sentido moral?
Examinemos este assunto à luz das qualidades que a Bíblia mostra serem características do espírito de Deus, e que, por conseguinte, devem caracterizar a vida dos verdadeiros cristãos. Tais qualidades são destacadas nos subtítulos em negrito que se seguem. (Gálatas 5:22, 23) São características do “espírito do Natal”?

Amor e Benignidade Caros
Se o “espírito do Natal” fosse verdadeiramente cristão, então devia caracterizar-se pelo amor e pela benignidade. Será que é?
Poder-se-ia argumentar que dar presentes, na época do Natal, constitui em si mesmo um indício de amor e benignidade. Isto é verdadeiro, contudo, apenas se envolver os motivos corretos. E envolve? Será que os absortos no “espírito do Natal” interessam-se principalmente em dar, ou é muito destacado o motivo egoísta de receber?
Se a dádiva altruísta fosse a principal consideração deles, por que os comerciantes “cristãos” não são influenciados a promover o aumento das dádivas por reduzirem seus preços na época do Natal, ao invés de elevá-los? Por que os preços, pelo menos em alguns lugares, tendem a elevar-se ao máximo nesta época do ano? Encarecer as coisas lhe parece um ato de "amor" e "benignidade", ou é um ato de ganância?


"Benignidade" Pedida - Extorsão
As pessoas gostam muito de receber presentes, não importando nem se é ou não "cristão" na época do Natal. Todos ficam enredados no “espírito do Natal”.
Na África, há relatos de que mendigos muçulmanos, com as mãos estendidas, saúdam os transeuntes com “Feliz Natal” na esperança de receberem algo. Os funcionários dos serviços públicos e das repartições públicas esperam presentes de seus clientes e usuários, e até lhes lembram isso, para que não se esqueçam. Alguns funcionários dos Correios até mesmo chegam a recusar-se a cuidar da correspondência de pessoas que não tomam parte neste costume de lhes dar presentes obrigados de Natal. Trata-se de algo mais do que oportunismo; isso é extorsão.

Guerra Disfarçada de Alegria
Uma semana antes do Natal de 1977, o Star de Toronto (uma publicação canadense) soou um aviso sobre os “ladrões de bolsas, ladrões de lojas, batedores de carteiras, falsários e assaltantes. E . . . falsos artistas, associados a falsas organizações de caridade”. O artigo também mencionava que “o roubo de loja aumenta de ritmo no Natal”. Com efeito, nos Estados Unidos, certa autoridade sobre questões de segurança, conhecida por toda aquela nação, declara que “quase 40 por cento das perdas anuais do estoque ocorrem nas 10 semanas da época pré-natalina”.
Mudou alguma coisa nos dias de hoje, quase 40 anos depois? Não. na época do Natal as ruas continuam perigosas. O policiamento é reforçado; Recebemos ligações de falsas "organizações" recém criadas que dizem ajudar os pobres pedindo dinheiro; os ladrões, imbuídos do "espírito de natal"  arriscam-se mais pois sabem que as pessoas estão com dinheiro no bolso, etc.
Se o “espírito do Natal” é verdadeiramente cristão, por que fracassa em deter, ou pelo menos em reduzir, os atos egoístas, desamorosos, criminosos e rudes na época do Natal? Não lhe parece estranho que é justamente nessa época que, ao mesmo tempo em que se apregoa o bondoso "espírito natalino", uma "guerra disfarçada de alegria" é intensificada?


Convite à Bebedeira e à Imoralidade
Se o “espírito do Natal” fosse verdadeiramente cristão, então devia caracterizar-se pela bondade moral e pelo autodomínio. Será que é? Não. Os fatos mostram que é um "convite" à bebedeira e imoralidade.
Pense só no comer demais, no beber demais e nos abusos relacionados com o Natal. Geralmente as festas natalinas degeneram em bebedeiras e festanças que incentivam a conduta dissoluta e a imoralidade! Há um notório aumento de registros de ocorrências policiais por causa de "brigas entre parentes" durante estas festas.
Donos de motéis relatam que é na época do Natal, e particularmente na noite de Natal que se lotam os quartos, há filas de espera no lado de fora e o estoque de bebidas acaba. Será que são pessoas casadas que vão aos motéis nessa época e naquela noite? Dificilmente. A influência do "espírito natalino" age sobre pessoas comuns no sentido da libertinagem.
Tais influências são apropriadamente descritas pelo Sunday Globe, de Boston, EUA, em relação a um grupo de pessoas particularmente suscetíveis: “Para um alcoólico regenerado, ou uma pessoa que se empenha ativamente em lutar contra tal doença, esses feriados constituem um teste de força de vontade que poucas pessoas conseguiriam enfrentar sem apoio. É uma época do ano em que se espera que as pessoas bebam, quando até mesmo os bebedores sociais notam que ficam tontos (ou algo pior) mais frequentemente do que de costume, devido a uma difundida ética social — coma, beba, fique feliz — que é tanto um imperativo como um convite.”
Se fosse verdadeiramente cristão, por que o “espírito do Natal” deixaria de impedir esta falta de autodomínio, que não é boa nem para a saúde nem para o bolso da pessoa, e pode realmente ser perigosa?


Neurose de Proporções Epidêmicas
Se o “espírito do Natal” fosse verdadeiramente cristão, então devia caracterizar-se pela alegria. Será que é?
Um artigo de I. R. Rosengard, M. D. [doutor em medicina], no número de dezembro de 1977 de Science Digest (Sinopse Científica), disse: “Não é o único a sentir uma ‘depressão do feriado’. Trata-se duma neurose de proporções epidêmicas . . . e aqui estão as regras dum médico para evitar a Fossa do Natal.” Ele continuava, dizendo: “Nem todos se sentem alegres nos feriados — e alguns se sentem bem pior do que de costume . . . Na época do Natal, as pessoas infelizes se sentem até mesmo pior porque ficam envergonhadas de se sentirem infelizes quando todo o mundo parece sentir-se feliz . . . Muitos de nós . . . sentimo-nos desapontados dentro de nós mesmos, porque nossas emoções no Natal são algo muito inferior à alegria.”
Isto explica por que certo doutor em medicina e doutor em filosofia, citado num periódico religioso alemão, disse “que o número de suicídios se acumula na Noite do Natal”. Se o “espírito do Natal” fosse verdadeiramente cristão, por que fracassa em tornar as pessoas realmente alegres na época do Natal?


Destruidor de lares
Se o “espírito do Natal” fosse verdadeiramente cristão, então devia caracterizar-se pela paz, longanimidade e brandura. Será que é?
Naturalmente, fala-se muito na época do Natal sobre “paz na terra, e boa vontade para com os homens”, mas a realidade é que as contendas e as discussões familiares se tornam comuns nessa fase do ano. O jornal Sunday Oregonian, dos EUA, veicula que, antes do Natal, “alguns pais e parentes estão instigando brigas que tornarão a Noite de Natal um dos piores turnos do ano para os policiais”.
Explica um vice-delegado: “Os parentes se reúnem e bebem, e começam a discutir problemas passados que tiveram, e então começam a desenterrar hostilidades que já tinham sido sepultadas e deveriam permanecer sepultadas.” E, entre as famílias de baixa renda, “o estresse de prover um bom Natal para os filhos aumenta as tensões, e começam a ferver os maus gênios”, afirma o Oregonian. “Às vezes, o Natal num lar pode ser destruído numa briga conjugal, os pacotes sendo usados como projéteis e a árvore do Natal ficando reduzida a destroços.”

Hipocrisia
Com respeito à paz numa escala global, conta-se com olhos embaciados, uma história sobre a Noite do Natal de 1914, quando uma sentinela inglesa ouviu o som de vozes que entoavam “Stille Nacht, Heilige Nacht” das trincheiras alemãs, a cerca de 90 metros de distância. As tropas inglesas cantaram, em resposta: “Vinde, Todos Vós, Fiéis.” Daí, ambos os lados abandonaram suas trincheiras para entoar juntos várias canções natalinas por algumas horas. Mas, rapidamente voltaram depois à matança, sendo todos supostos “cristãos”! Será que este evento revela qualquer “espírito do Natal” verdadeiramente pacífico? Ou, antes, não sublinha um espírito de hipocrisia, neste caso, levado a arrepiante extremo?


Fé Temporária
Se o “espírito do Natal” fosse verdadeiramente cristão, então devia caracterizar-se pela fé. Será que é?
A fé cristã, segundo sua definição, em Hebreus 11:1, baseia-se nas realidades ou nos fatos. Visto que o Natal se alicerça, em grande parte, em tradição, em mitos e em falsidades, poderíamos esperar que promovesse forte fé?
Uma carta paroquial, publicada na Alemanha, dizia, ao falar sobre Cristo e os cristãos primitivos: “Seu ensino era muito mais importante para o povo do que a data do seu nascimento.” Adicionava: “Os primeiros cristãos não conheciam algo como uma celebração de aniversário.”
De que proveito é crer que Cristo nasceu, se deixarmos de acreditar no que ele ensinou ou de exercer fé no valor de seu sacrifício?
Não é preciso muita fé para se crer que Cristo nasceu; muito mais é necessária para se crer no valor de seu sacrifício resgatador e em sua posição de realeza no reino estabelecido de Deus.
Se o “espírito do Natal” fosse verdadeiramente cristão, por que as Igrejas ditas "cristãos" aumentam a assistência, com celebrações especiais, somente na época do Natal, não durante o ano todo?

Conclusão
Se o “espírito do Natal” fosse verdadeiramente cristão, então devia caracterizar-se pelos frutos do espírito de Deus. Será que é? Gálatas 5:22, 23 nos diz que “os frutos do espírito são amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, brandura, autodomínio”.
Será que observamos esses frutos no "espírito do Natal" conforme vimos nesta matéria? Ou observamos as obras da carne decaída, conforme descritas no mesmo capítulo da Bíblia, nos  versículos 19-21, que mais aptamente se enquadram no que predomina realmente na época do Natal? “Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são fornicação, impureza, conduta desenfreada, idolatria, prática de espiritismo, inimizades, rixa, ciúme, acessos de ira, contendas, divisões, seitas, invejas, bebedeiras, festanças e coisas semelhantes a estas. . . . Os que praticam tais coisas não herdarão o reino de Deus.”
Visto do ponto de vista geral da sua celebração global e ampla, ao invés do ponto de vista de pessoas possivelmente sinceras que talvez se portem mui decentemente quando celebram o Natal, o que verificamos? É evidente que as “obras da carne” são por demais manifestas, e os “frutos do espírito” com frequência inexistem.