O Cânon da Bíblia
Pedaço do Fragmento Muratoriano, do final do 2º Século.
Este fragmaneto é uma prova de que o cânon bíblico não foi feito e
nem proposto pela Igreja Católica, conforme ela assim alega.
Veja por que nesta matéria.
nem proposto pela Igreja Católica, conforme ela assim alega.
Veja por que nesta matéria.
Prólogo
Quem realmente definiu a Bíblia nos moldes como a lemos hoje? Quem definiu quais livros bíblicos dos tantos que eram produzidos, principalmente depois de Cristo, eram canônicos, fazendo parte das Escrituras Sagradas?
Nos dias de hoje é comum ouvirmos os padres dizerem que "foi a Igreja Católica que fez a Bíblia" ou então que "se podemos ler a Bíblia hoje devemos agradecer à Igreja Católica". O Padre Paulo Ricardo (foto à esquerda), por exemplo, conhecido por seu declarado e desarrazoado ódio aos protestantes, vai além nessas declarações completamente fantasiosas, citando um professor dele que disse: "A Bíblia foi escrita por católicos e para católicos". isso é como dizer que Moisés ou Mateus eram católicos.
Nada disso porém corresponde à verdade. A História mostra que a Igreja, inclusive, se opôs à divulgação pública e a confecção da Bíblia para que pudesse ser lida e entendida por todas as pessoas. E essa tendência de proibir a leitura da Bíblia pelo povo comum, se reflete até hoje, pois ela afirma que "só ela (a Igreja) pode interpretar a Bíblia".
Em contraste com essas afirmações egocêntricas da Igreja, as Escrituras, segundo a História, foram escritas por pessoas comuns e não por sábios. Foi também dirigida à pessoas comuns, ou à todo o povo, e não aos sábios (Mateus 11:25)
A igreja Católica não poderia, mesmo que quisesse, ter "feito a Bíblia". Porque? Porque ela não existia quando o Cânon das Escrituras Hebraicas (conhecidas como Antigo Testamento) e o Cânon das Escrituras Gregas (ou Novo Testamento) já estavam prontos. A Igreja só veio a existir a partir do Séc. IV e mesmo assim levou centenas de anos para que suas doutrinas ficassem definitivamente formadas sendo que, durante esse processo não se cogitou uma suposta autoria da Bíblia por parte da Igreja. Esse argumento é novo e só é crível entre pessoas mesmerizadas pela Igreja, que não pesquisam a História.
Vejamos então o que é e como foi formado do Cânon Bíblico
O que é "Cânon"?
Significa "a cana" (em hebraico: qa·néh). A cana servia de régua ou instrumento de medir.
Por exemplo, o apóstolo Paulo aplicou ka·nón ao “território” delineado como sua designação, e novamente à “regra de conduta”, pela qual os cristãos deviam medir como estavam agindo. (2ª Coríntios 10:13-16 e Gálatas 6:16).
Assim o “cânon bíblico” passou a referir-se ao catálogo dos livros inspirados, dignos de serem usados como régua para medir a fé, a doutrina e a conduta.
Mas a mera escrita de um livro religioso, sua preservação durante centenas de anos e ser estimado por milhões de pessoas não provam que ele seja de origem divina ou canônico (como no caso dos livros apócrifos). Precisa ter credenciais da Autoria Divina, demonstrando que foi inspirado por Deus. O apóstolo Pedro declara: “A profecia nunca foi produzida pela vontade do homem, mas os homens falaram da parte de Deus conforme eram movidos por espírito santo.” (2ª Pedro 1:21). De maneira que o exame do cânon bíblico mostra que seu conteúdo está à altura deste critério, em todos os sentidos. O próprio Deus orientou aqueles que fizeram o cânon correto, aceito hoje pelos cristãos.
O "Cânon" das Escrituras Hebraicas
Quem definiu o Cânon das Escrituras Hebraicas? A tradição judaica atribui a Esdras o início da compilação e catalogação do cânon, e diz que este foi terminado por Neemias.
Esdras certamente estava bem habilitado para tal trabalho, sendo ele mesmo um dos escritores inspirados da Bíblia, bem como sacerdote, erudito e copista oficial de escritos sagrados (Esdras 7:1-11).
Então não há motivo para se duvidar do parecer tradicional judaico de que o cânon das Escrituras Hebraicas ficou estabelecido por volta do fim do quinto século AEC.
Como é o Cânon hebraico, ou judaico? Hoje alistamos 39 livros das Escrituras Hebraicas. O cânon judaico tradicional, embora inclua os mesmos livros, conta-os como 24. Algumas autoridades judaicas colocam Rute com Juízes e Lamentações com Jeremias e contam o número de livros como 22, embora ainda se apeguem exatamente aos mesmos escritos canônicos originais de Esdras. Isto torna o número de livros inspirados igual ao número de letras do alfabeto hebraico. O que segue é a lista dos 24 livros segundo o cânon judaico tradicional:
A Lei (O Pentateuco)
1. Gênesis
2. Êxodo
3. Levítico
4. Números
5. Deuteronômio
Os Profetas
6. Josué
7. Juízes
8. Samuel (Primeiro e Segundo juntos como um único livro)
9. Reis (Primeiro e Segundo juntos como um único livro)
10. Isaías
11. Jeremias
12. Ezequiel
13. Os Doze Profetas (Oséias, Joel, Amós, Obadias,
Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias,
Ageu, Zacarias e Malaquias, como um único livro)
Os Escritos (Hagiógrafos)
14. Salmos
15. Provérbios
16. Jó
17. O Cântico de Salomão
18. Rute
19. Lamentações
20. Eclesiastes
21. Ester
22. Daniel
23. Esdras (Neemias foi incluído com Esdras)
24. Crônicas (Primeiro e Segundo juntos como um único livro)
Credenciais de legitimidade
Como podemos ter absoluta certeza de que o Cânon judaico é verdadeiro? Porque foi aceito por Jesus Cristo e pela primitiva congregação cristã, através dos apóstolos, como escritura inspirada. Foram as Escrituras Gregas Cristãs (o Novo Testamento) que forneceram as decisivas credenciais de legitimidade para o Cânon hebraico. Como isso foi feito?
Foi apenas desses escritos que os inspirados escritores das Escrituras Gregas Cristãs citaram nos seus próprios. Por introduzirem citações do tipo “como está escrito” se referindo à algum dos livros mencionados no Cânon, confirmaram-nos como sendo a Palavra de Deus. Veja por exemplo Romanos 15:9.
Jesus, ao falar das completas Escrituras inspiradas escritas até o tempo de seu ministério, referiu-se às coisas registradas “na lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos”. (Lucas 24:44). Aqui, Salmos, como primeiro livro dos Hagiógrafos, é usado para se referir a esta seção inteira.
O último livro histórico a ser incluído no cânon hebraico foi o de Neemias, ele próprio um dos compiladores inspirados do cânon. Que isto foi sob a orientação do espírito de Deus é demonstrado no fato que somente este livro fornece o ponto de partida para o cálculo da notável profecia de Daniel, de que “desde a saída da palavra para se restaurar e reconstruir Jerusalém” até a vinda do Messias haveria um período de 69 semanas proféticas. (Daniel 9:25; Neemias. 2:1-8 e 6:15).
O livro de Neemias também fornece o fundo histórico para o último dos livros proféticos, Malaquias. É não pode haver dúvida de que Malaquias pertence ao cânon das Escrituras inspiradas, visto que Jesus, o Filho de Deus, citou dele várias vezes. (Mateus 11:10, 14).
Embora se tenham feito citações similares da maioria dos livros do cânon hebraico, todos escritos antes de Neemias e de Malaquias, os escritores das Escrituras Gregas Cristãs não fazem nenhuma citação dos pretensos escritos redigidos depois do tempo de Neemias e Malaquias até o de Cristo. Isto confirma o parecer tradicional dos judeus, e também a crença da congregação cristã do primeiro século EC, de que o cânon das Escrituras Hebraicas terminou com os escritos de Neemias e de Malaquias. E o que dizer desses livros escritos depois de Malaquias, não citados pelos apóstolos?
Os Livros Apócrifos
O que são livros apócrifos? Estes são os escritos que alguns têm incluído em certas Bíblias, mas que foram rejeitados por outros, visto que não possuem evidência de terem sido inspirados por Deus. Os que incluem os livros apócrifos na Bíblia, como se fossem inspirados o fazem porque não examinam criteriosamente as Escrituras, pois caso a examinassem criteriosamente veriam que a própria palavra "apócrifo", usada na Bíblia, depõe contra tais livros.
A palavra grega a·pó·kry·fos refere-se a coisas ‘cuidadosamente ocultas’. (Marcos 4:22; Lucas 8:17; Colossenses 2:3). O termo é aplicado a livros de autoria ou autoridade duvidosa, ou àqueles que, embora sejam considerados de algum valor para a leitura pessoal, carecem de evidência de inspiração divina. Tais livros eram mantidos separados e não eram lidos publicamente, daí a ideia de ‘ocultos’. Ao contrário do que aconteceu com o "Cânon" judaico tradicional, não há nas Escrituras gregas, menções à tais livros, o que significa que não eram usados para análise teológica por parte da primitiva congregação cristã.
Quem os Incluiu Na Bíblia?
Como é que esses livros não inspirados foram parar em certas traduções bíblicas? Até o final do Séc IV, não se cogitava a ideia de que os livros apócrifos fizessem parte da Bíblia nem mesmo na recente Igreja Católica,. Mas Agostinho (354-430 DC), mesmo reconhecendo que tais livros eram "alheios", propôs, por motivos não explicados, a inclusão deles.
Assim, no Concílio de Cartago, em 397 EC, foi proposto, "em honra de Agostinho" que sete dos livros apócrifos fossem acrescentados às Escrituras Hebraicas, junto com adições aos livros canônicos de Ester e de Daniel. Como acontece em todos os Concílios da Igreja, neste também houve muita polêmica e divisões. Alguns apoiando e outros rejeitando. A maioria porém pendeu para a aceitação da inclusão e mesmo assim "em caráter não oficial". Foi só em 1546, quase 150 anos depois, no Concílio de Trento, que a Igreja Católica Romana confirmou definitivamente a aceitação destes aditamentos no seu diferente catálogo de livros da Bíblia. Estes eram Tobias, Judite, acréscimos a Ester, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, três adições a Daniel, Primeiro e Segundo Macabeus.
Testemunho dos Historiadores Desqualificam os Apócrifos
Além da desqualificação desses livros pela primitiva comunidade cristã dos apóstolos, houve também outras fontes que os desqualificaram.
O historiador judeu Flávio Josefo, do primeiro século EC, na sua obra Against Apion (Contra Apião) (I, 38-41 [8]), refere-se a todos os livros que foram reconhecidos pelos hebreus como sagrados. Ele escreveu: “Não possuímos miríades de livros incoerentes, que discordam entre si. Nossos livros, os devidamente acreditados, são apenas vinte e dois, o equivalente de nossos 39 hoje, e contêm o registro de todos os tempos. Destes, cinco são os livros de Moisés, abrangendo as leis e a história tradicional do surgimento do homem até a morte do legislador. . . . Da morte de Moisés até Artaxerxes, que sucedeu Xerxes como rei da Pérsia, os profetas subsequentes a Moisés escreveram a história dos eventos de sua própria época, em treze livros. Os quatro livros restantes contêm hinos a Deus e preceitos para a conduta da vida humana.” Assim, Josefo indica que o cânon das Escrituras Hebraicas já tinha sido estabelecido bem antes do primeiro século EC. Qualquer adição posterior seria inválida.
Também o erudito bíblico Jerônimo, que completou a tradução da Vulgata latina da Bíblia, por volta de 405 EC, foi bastante explícito na sua posição sobre os livros apócrifos. Após alistar os livros inspirados usando a mesma contagem que Josefo, enumerando os 39 livros inspirados das Escrituras Hebraicas como 22, escreveu no seu prólogo dos livros de Samuel e de Reis na Vulgata: “De modo que há vinte e dois livros . . . Este prólogo das Escrituras pode servir como enfoque fortificado para todos os livros que traduzimos do hebraico para o latim; de modo que saibamos que tudo o que for além destes precisa ser colocado entre os apócrifos.
As Escrituras Gregas
A Igreja Católica Romana alega ter a responsabilidade de decidir que livros devem ser incluídos no cânon da Bíblia e faz menção ao Concílio de Cartago (397 EC), onde se formulou um catálogo dos livros bíblicos dizendo que ele era "o Cânon da Bíblia". Não é verdade pois o cânon, incluindo a lista dos livros que compõem as Escrituras Gregas Cristãs, conforme vimos, já estava estabelecido bem antes tempo. A Igreja simplesmente pegou o que já estava feito é "assinou embaixo" como se fosse ela a autora.
Não é pelo decreto de qualquer concílio (que funcionam mais na base da política, suborno e intimidações) que se estabelece o cânon, mas pela orientação do espírito santo de Deus — o mesmo espírito que havia inspirado a escrita daqueles livros. De maneira que o testemunho de posteriores catalogadores não-inspirados é valioso apenas como reconhecimento do cânon verdadeiro da Bíblia que o espírito de Deus autorizara.
Os Catálogos Sobre as Escrituras Gregas
Houve vários catálogos das Escrituras Cristãs, do quarto século, datados de antes do concílio mencionado acima, e de bem antes, que concordam exatamente com nosso cânon atual, de maneira que o catálogo feito pela igreja não é nem original, nem único e nem o primeiro.
Em alguns que são datados de antes do fim do segundo século, há aceitação universal dos quatro Evangelhos, de Atos e de 12 das cartas do apóstolo Paulo. Somente alguns dos escritos menores eram duvidados em certas áreas. Devemos concluir que isso era uma falha ou então um erro premeditado? Não. Isto se dava porque tais escritos eram limitados na sua circulação inicial por uma razão ou outra e, assim, levaram mais tempo para serem aceitos publicamente como canônicos, o que acabava acontecendo mais tarde.
O Fragmento Muratoriano
Um dos mais interessantes catálogos primitivos é o fragmento descoberto por L. A. Muratori, na biblioteca Ambrosiana, em Milão, Itália, e publicado por ele em 1740. Embora esteja faltando o início, sua referência a Lucas como o terceiro Evangelho indica que já havia mencionado Mateus e Marcos.
O Fragmento Muratoriano, que está em latim, data da última parte do segundo século EC. É um documento muito interessante, pois nos mostra que um catálogo feito fora da igreja - que ainda não havia sido denominada Católica, embora já estivesse afastada dos ensinos originais de cristo. Vejamos o que a seguinte tradução parcial dele nos mostra:
“O terceiro livro do Evangelho é o segundo Lucas. Lucas, o bem conhecido médico, o escreveu em seu próprio nome . . . O quarto livro dos Evangelhos é o de João, um dos discípulos. . . . E assim, para a fé dos crentes, não há discórdia, ainda que sejam dadas diferentes coletâneas dos fatos em cada livro dos Evangelhos, visto que em todos [eles], sob o único Espírito orientador, têm sido declaradas as coisas relacionadas com o seu nascimento, paixão, ressurreição, conversas com seus discípulos, duplo advento, o primeiro na humilhação procedente do desprezo, que ocorreu, e o segundo na glória do poder régio, que ainda há de vir. Que maravilha é, então, se João menciona de modo tão coerente nas suas epístolas estas várias coisas, dizendo em pessoa: ‘o que temos visto com os nossos olhos, e ouvido com os nossos ouvidos, e as nossas mãos têm apalpado, estas coisas temos escrito’. Pois assim, professa ser não apenas testemunha ocular, mas também ouvinte e narrador de todas as coisas maravilhosas do Senhor, na sua ordem. Além disso, os atos de todos os apóstolos estão escritos num único livro. Lucas [assim] os incluiu para o excelentíssimo Teófilo . . . Já as epístolas de Paulo, o que são, de onde ou por que razão foram enviadas, elas próprias tornam claro àquele que estiver disposto a entender. Em primeiro lugar, ele escreveu detalhadamente aos coríntios para proibir a introdução do cisma da heresia, depois escreveu aos gálatas [contra a] circuncisão, e aos romanos sobre a ordem das Escrituras, indicando também que Cristo é o principal assunto nelas — sendo necessário considerarmos cada qual delas, entendendo que o próprio bendito apóstolo Paulo, seguindo o exemplo de seu predecessor, João, escreve a não mais do que sete igrejas por nome, na seguinte ordem: aos coríntios (primeiro), aos efésios (segundo), aos filipenses (terceiro), aos colossenses (quarto), aos gálatas (quinto), aos tessalonicenses (sexto), aos romanos (sétimo). Mas, apesar de escrever aos coríntios e aos tessalonicenses duas vezes, visando correção, indica-se que há uma única igreja espalhada por toda a terra [?i.e., por este escrito sétuplo]; e também por João no Apocalipse, embora escreva a sete igrejas, fala todavia a todas. [Ele escreveu], porém, uma por afeição e amor a Filêmon, uma a Tito e duas a Timóteo; [e estas] são consideradas sagradas na honrosa estima da Igreja. . . . Adicionalmente, conta-se uma epístola de Judas e duas que levam o nome de João . . . Recebemos os apocalipses apenas de João e de Pedro, estes [últimos] alguns de nós não desejamos que fossem lidos na igreja.”
Fonte— The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, 1956, Vol. VIII, página 56.
Pelo exame dos catálogos existentes em compararão com o Fragmento Muratoriano podemos delinear o verdadeiro cânon das Escrituras Gregas.
Nota-se que próximo ao fim do Fragmento Muratoriano, faz-se menção de apenas duas epístolas de João. Entretanto, sobre este ponto, a enciclopédia mencionada acima, na página 55, observa que estas duas epístolas de João “somente podem ser a segunda e a terceira, cujo escritor chama a si mesmo meramente de ‘o ancião’. Tendo já considerado a primeira, embora apenas de passagem, em conexão com o quarto Evangelho, e ali declarado sua crença inquestionável na sua origem joanina, o autor sentiu-se capaz aqui de se limitar às duas cartas menores”. Quanto à aparente ausência de qualquer menção à primeira epístola de Pedro, esta fonte continua: “A hipótese mais provável é a da perda de algumas palavras, talvez de uma linha, em que I Pedro e o Apocalipse de João são mencionados como aceitos.” Por conseguinte, do ponto de vista do Fragmento Muratoriano, esta enciclopédia, na página 56, conclui: “O Novo Testamento é considerado como definitivamente composto dos quatro Evangelhos, dos Atos, das treze epístolas de Paulo, do Apocalipse de João, provavelmente de três epístolas suas, de Judas e provavelmente de I Pedro, ao passo que a oposição a outros escritos de Pedro não estava ainda silenciada.”
A Igreja Rejeitava os Livros Bíblicos
Orígenes, por volta do ano 230 EC, aceitou entre as Escrituras inspiradas os livros de Hebreus e de Tiago, ambos ausentes do Fragmento Muratoriano. Origenes também indicou, com respeito aos livros que aceitou, que "alguns da Igreja duvidavam da sua natureza canônica", isto também explica que, por este tempo, a canonicidade da maior parte das Escrituras Gregas era aceita. Mas alguns duvidando de "algumas" das menos conhecidas epístolas acabaram atravancando a sua aceitação por um tempo. Somente bem mais tarde quando Atanásio, Jerônimo e Agostinho reconheceram as conclusões das listas anteriores, definindo como o cânon os mesmos 27 livros que temos agora é que a Igreja passou a aceitá-los. isso constitui prova adicional de que não foi a igreja que definiu o cânon conforme afirma.
Os Críticos Catálogos Incompletos
A maioria dos catálogos na tabela são listas específicas, que indicam quais livros eram aceitos como canônicos. Os de Irineu, de Clemente de Alexandria, de Tertuliano e de Orígenes são completados à base das citações que fizeram, que revelam como eles consideravam os escritos a que se referem. Estas são adicionalmente suplementadas dos registros do antigo historiador Eusébio. Contudo, o fato de que estes escritores não mencionam certos escritos canônicos não argumenta contra a canonicidade deles. Apenas não se referem a eles nos seus escritos, quer por escolha deliberada quer por causa d e algum assunto em pauta. Mas, por que não encontramos listas exatas anteriores ao Fragmento Muratoriano?
Foi só em meados do segundo século EC, quando apareceram críticos como Marcião, que surgiu a questão de quais livros deveriam ser aceitos pelos cristãos. Marcião elaborou seu próprio cânon para se adequar a suas doutrinas, aceitando somente certas cartas do apóstolo Paulo e uma forma expurgada do Evangelho de Lucas. Isto, associado à grande quantidade de literatura apócrifa que, naquela época, difundia-se pelo mundo, foi o que levou às declarações feitas pelos catalogadores quanto a que livros eles aceitavam como canônicos.
Raciocínios
Quanto aos Escritos Apócrifos a evidência interna confirma a clara divisão que foi feita entre os inspirados escritos cristãos e as obras que eram espúrias ou não-inspiradas. Os escritos apócrifos são muito inferiores e muitas vezes fantasiosos e infantis. São freqüentemente inexatos. Note as seguintes declarações feitas por eruditos sobre estes livros não-canônicos:
“Não é uma questão de alguém tê-los excluído do Novo Testamento: eles o fizeram por si mesmos.” — M. R. James, em The Apocryphal New Testament, páginas xi, xii.
“Basta comparar os livros do nosso Novo Testamento como um todo com outra literatura do gênero, para perceber quão largo é o abismo que separa um do outro. Os evangelhos não-canônicos, diz-se geralmente, são na realidade a melhor evidência dos canônicos.” — G. Milligan, em The New Testament Documents, páginas 228.
“Não se pode dizer de sequer um escrito preservado para nós dos primórdios da Igreja, fora do Novo Testamento, que poderia ser corretamente acrescentado atualmente ao Cânon.” — K. Aland, em The Problem of the New Testament Canon, página 24.
Continua
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